As poções levam algum tempo para serem preparadas, e as ervas demoram para crescer, mas bastam alguns segundos para lançar um feitiço. Rony usa um feitiço para derrubar um trasgo * montanhês com o bastão do próprio trasgo. Harry encontra a saída de um labirinto com a ajuda de um feitiço de orientação. Um feitiço de destrancamento permite que Hermione entre em um corredor proibido.
Os feitiços são ferramentas poderosas que afetam pessoas, animais, objetos e até mesmo lugares. Na verdade, toda Hogwarts está sob um feitiço que faz parecer uma velha ruiva caindo aos pedaços para o mundo dos trouxas.
É claro que os feitiços mágicos da literatura são os que produzem os resultados mais espetaculares. Mas os habitantes do mundo real, de quase todas as culturas, também acreditam no poder que eles têm de influenciar o comportamento humano e alterar o rumo dos acontecimentos. No mundo antigo, os magos * profissionais ganhavam a vida lançando feitiços para ajudar seus clientes a atrair a pessoa amada, ferir inimigos (os feitiços usados para o mal são chamados de “maldições * ”), ficar rico, curar doenças, vencer nos esportes, se livrar dos ratos da casa ou então quebrar os feitiços lançados por magos concorrentes. Feitiços do tipo “faça-você-mesmo” também eram usados por amadores. Também eram usados por amadores. Os feitiços estavam por toda parte, e até mesmo um dos escritores mais céticos da Roma do século I admitiu que “não há quem não sinta dedo de feitiços e encantamentos”.
Um feitiço é uma palavra ou frase, falada ou escrita com a intenção de obter um efeito mágico. A maioria consiste em encantamentos nos quais os resultados desejados (como dinheiro, saúde ou fama) são ditos de forma clara, repetidos várias vezes, e acompanhados por um ritual, como ascender uma vela, queimar incenso, apontar ou gesticular. Alguns egípcios antigos escreviam os feitiços em papiros, que eram então dissolvidos em cerveja e ingeridos. Os magos da Grécia e Roma antigas criavam feitiços enquanto giravam uma roda conhecida como rhombus. Dependendo da cultura, os feitiços podiam incluir o uso de palavras mágicas * ou um apelo para receber ajuda de uma divindade. Alguns feitiços eram cantados. Todo o processo mágico, do começo ao fim, é geralmente conhecido como “lançar” um feitiço.
Acreditava-se que os feitiços que tinham como objetivo influenciar o comportamento de outra pessoa – como os de amor, os de cura e as maldições – eram mais eficazes se um fio de cabelo do alvo, um pedaço de unha, uma peça de roupa, ou qualquer outro objeto pessoal fosse incorporado à cerimônia. Isso reflete a crença antiga de que as coisas que já estiveram fisicamente ligadas – uma mulher e suas unhas, por exemplo – possuem uma relação “mágica”, mesmo a quilômetros de distância. Na falta de tais objetos, palavras podiam ser usadas para fazer a ligação entre o ritual e o alvo. “Enquanto derreto esta cera”, diz um feitiço do amor do século I, “que seu coração se derreta por mim. Enquanto queimo essas ervas, que sua paixão arda por mim.” Às vezes, ao lançar um feitiço, usavam-se estatuetas de cera ou bonecos de barro e de pano, feitos para representar o receptor. Nos feitiços de amor, os bonecos eram enrolados em uma linha para que o amor da pessoa que recebia o encantamento fosse “amarrado” à pessoa que estava lançando o encanto. No caso de um feitiço de cura, o boneco era recheado com ervas medicinais. Se o objetivo fosse fazer mal (ver Artes das Trevas * ), o boneco era que brado.
É claro que os feitiços dos contos de fada e da literatura não requeriam tais métodos. Um simples movimento do mago transformava um tímido poeta em um valente cavalheiro ou fazia uma carruagem sair voando. Em Hogwarts, os professores podem forçar seus alunos a serem honestos enfeitiçando suas penas de escrever com um feitiço anticola durante as provas.
v Pedra Filosofal, 10.
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