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Ninguém gosta tanto de uma vassoura voadora quanto uma bruxa * . A grande afeição de Harry pela sua Firebolt faz com que pensemos que os magos * também são grandes fãs de vassouras. Porém, historicamente falando, quase todas as pessoas vistas cruzando o céu numa vassoura eram mulheres. Quando, por acaso, um mago ou feiticeiro dizia ser capaz de voar, era mais provável que usasse um forcado!

Embora as ilustrações populares de nossos dias invariavelmente mostrem as vassouras como o meio de transporte das bruxas, nem sempre foi. Assim. Entre 1.450 e 1.600, aproximadamente, quando a crença no poder da bruxaria estava disseminada por toda Europa, contava-se que as bruxas subiam ao céu e rumavam para suas reuniões à meia-noite montadas em cobras, bois, ovelhas, cães e lobos além de varas, pás e bastões. As vassouras voadoras, segundo alguns pesquisadores, acabaram por se tornar o veículo predileto por causa do papel tradicional das mulheres como donas-de-casa.

Segundo a tradição popular, em grande parte inventada e difundida por caçadores de bruxa profissionais, as bruxas geralmente saíram de suas casas através da chaminé. Uma vez no ar, dizia-se que voar era relativamente fácil – exceto em dois casos. Uma novata talvez tivesse dificuldade em se manter equilibrada em cima de sua vassoura voadora, que em geral era rápida mas não muito estável. Além disso, as bruxas podiam ser lançadas ao chão – ou impedidas de decolar – pelo som de sinos de igreja. No início do século XVII, as pessoas de uma pequena cidade na Alemanha tinham tanto medo de bruxas montadas em vassouras voadoras que, por algum tempo, o conselho da cidade determinou que todas as igrejas batessem seus sinos sem parar, no anoitecer ao raiar do dia.

Os sábios e as autoridades religiosas debatiam muito seriamente se as bruxas podiam voar ou não, sobretudo durante os anos em que a caça às bruxas * foi mais intensa. Segundo o Malleus Maleficarum (1486), o guia mais amplamente usado para descobrir e castigar as bruxas, voar era um fato incontestável. Em primeiro lugar, muitas mulheres tinham confessado que voavam, e algumas chegavam a se vangloriar da sua capacidade de subir aos ares. Além do mais há uma passagem do Evangelho Segundo São Mateus que contra como o poder de Satanás transportou Jesus pelo ar. Como argumentavam alguns sacerdotes, se o Diabo podia fazer Jesus voar, sem dúvida também poderia atribuir essa capacidade às bruxas que o serviam. Outros sábios rejeitavam a hipótese de voar como algo fisicamente impossível a e argumentavam que o Diabo simplesmente fazia as mulheres acreditarem que tinha voado, enchendo suas cabeças de ilusões.

Um grupo de pensadores mais ligados a explicações científicas propôs outra idéia. Sabia-se que as bruxas se preparavam para decolar esfregando suas vassouras e seus corpos com uma “pomada voadora” especial, feita de plantas e ervas (entre elas, o meimendro negro, a mandrágora * , o acônito e a dulcamara), cultivadas em seus jardins. Os médicos que fizeram experiências com a pomada voadora, no século XVI, descobriram que ela continha elementos químicos poderosos, que penetravam no corpo através da pele e provocam sono e alucinações – inclusive a sensação de estar voando. Conforme explicaram, as bruxas que a verdade, adormeciam na cozinha de suas casas e acordavam com lembranças nítidas de um vôo fantástico que só acontecera em seus sonhos * .

v Pedra Filosofal, 9.

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